1982. Canindé, cidadezinha da romaria de São Francisco, no sertão do Ceará.
Como foi – Era uma matéria sobre a seca no Nordeste para Veja. Luiz Martins, hoje professor da Universidade de Brasília, poeta, chegamos a Canindé às dez da manhã. Ao percebermos a movimentação num casebre no fim da rua, caminhamos até lá. Curiosos, olhamos a triste e silenciosa cena. Lá estava o cadáver de um senhor coberto com um lençol branco. Na altura do abdômen, duas flores vermelhas e uma estatueta do Padre Cícero.
Os parentes, filhos, netos, a viúva contristados, em torno da cama de madeira tosca e velas acesas. Assustados, não perguntamos a causa da morte. Não foi preciso. Uma senhora com cigarro de palha entre os dedos aproximou-se e nos sussurrou:
- Foi faca!